Tango em Juiz de Fora: um pouco de música

Conheça um pouco mais sobre a música tango e comece a apreciá-la


Ei pessoinhas dançantes! Semana passada eu fiz um post aqui falando algumas coisas que aprendi sobre o tango num bate-papo com o professor Júlio Cezar Franco, organizador do Manchester Tango, professor de dança de salão na escola Balliamo e um dos professores especialistas em tango em Juiz de Fora. Quem ainda não viu, vale a pena ler, tá super completa e cheia de vídeos lindos de tango! (Ler agora clicando aqui).

A ideia do bate-papo surgiu pelo meu interesse crescente nessa dança a partir do nosso envolvimento no projeto Manchester Tango Juiz de Fora, organizado pelo professor Júlio. Mas a conversa rendeu tanto que deu conteúdo para dois posts sobre o tema. No primeiro eu foquei, claro, na dança. Mas não existe dança sem música e o tango é lindo de se dançar e de se ouvir também. Por isso, trouxe aqui algumas ideias e sugestões para vocês sobre a música tango.

Para entrar no clima, dê o play no vídeo e leia ouvindo o tango de Carlos Gardel, Por una cabeza.



Tango como música


Dança sem música não existe. Ouvir, entender e se envolver com a música é muito importante para uma boa dança. No tango não é diferente. Hoje, há a dança tango e a música tango, mas para um dançarino, o estudo deve ser sempre de ambos. O tango como música tem suas variações dentro do estilo, de acordo com as épocas e os compositores. Alguns bem conhecidos são Carlos Gardel, Aníbal Troilo, Francisco Canaro, Rodolfo Biagi e Rúben Juarez. Abaixo a composição Adios Nonino, de Astor Piazzolla,  considera, por muitos, sua obra-prima. Ele fez esta música para homenagear o seu falecido pai. 




Mas por qual compositor devo começar a ouvir tango?


O professor Júlio indica que se comece a ouvir os compositores dos anos 40, pois são tangos mais marcados e cadenciais, além de serem os que, até hoje, mais tocam nas milongas argentinas. Sua principal indicação é Osvaldo Pugliese, pois apesar de respeitar as cadências do tango, tem uma linha melódica muito boa. Além dele, Júlio cita também Juan d'Arienzo, considerado “o rei do compasso”, por ter tangos de marcação forte. É um dos compositores de tangos que os milongueiros argentinos mais gostam de dançar, por ter tangos de marcação bem clara e definida. Veja baixo uma apresentação de tango com a música “La tupungatina” de Pugliese, olha que lindeza!


Após esse primeiro contato, o professor indica também ouvir Astor Piazzolla, mais recente que Pugliese, esse compositor tinha um estilo próprio que variava muito entre o tango mais melódico e mais cadencial, misturando ainda outros ritmos. Ousou mais na melodia e quebrou regras, tanto que não foi bem aceito pelos milongueiros, pois segundo eles era um tango que “não se podia bailar”.  Só quando voltou de uma turnê fora da argentina que foi mais aceito pela comunidade artística dos hermanos. Veja abaixo o vídeo da composição Libertango de Piazzola dançada por um casal no estilo tango de escenario.


Atualmente têm-se também o tango moderno, conhecido como tango eletrônico e neotango. Eles são muito bons para coreografias, para o tango de escenario, por serem mais marcados e também atraírem mais os jovens. Veja abaixo um vídeo de dança de uma música do Gotan Project.


Como dançar tango com musicalidade? 


Eu sempre digo nas minhas aulas que, aprender e executar passo é “fácil”. O difícil, e o que eu considero uma dança mais madura e bonita, é executar os movimentos na música, sentindo e expressando o que a música lhe passa, desenvolvendo o que chamamos de musicalidade (se quiser entender mais sobre esse conceito, fiz um post sobre esse conceito com os professores do Pé Descalço de BH, leia aqui). 

Portanto, assim como acontece nas outras danças, o tango também tem que ser dançado sentindo a música. Mas como a música não é comum para nós, então, o desafio é ouvi-la e conhecê-la melhor para poder treinar os ouvidos e depois o corpo, adequando os movimentos aprendidos com o tempo e as nuances da música. 

Esse estudo é tão profundo no tango, que atualmente existem seminários de tango específicos sobre certos compositores. Os professores estudam a fundo alguns compositores para tentar entender como se dançar cada um. No Manchester Tango, o professor Júlio dará o seminário “Como bailar estilo Osvaldo Pugliese e estilo Juan D´Arienzo – nível iniciado e avançado”.

Manchester Tango em Juiz de Fora


Tenho certeza que se você chegou até aqui neste post, não só os pezinhos estão coçando para aprender tango, mas o ouvido pedindo para escutar também. Então, aproveite para mergulhar nesse mundo e participe do Manchester Tango Juiz de Fora, nos dias 26, 27 e 28 de maio. Além de workshops e seminários de tango, de todos os níveis, do iniciante ao avançado, resgaste histórico sobre o tango na cidade e apresentações de dança de salão, terá também performance musical de tango ao vivo, com a cantora Celeste Gomes. Veja abaixo uma palinha da cantora no vídeo do evento:


Mais informações neste post aqui , na página do evento no Facebook ou diretamente com o professor Júlio Cezar Franco pelo telefone (32) 99194-7089.

E bora dançar ouvindo a música pelos ouvidos, sentindo na alma e expressando no corpo! \o

Tango em Juiz de Fora

Saiba mais sobre a dança tango em Juiz de Fora com o professor Júlio Cezar Franco


Ei pessoinhas dançantes do meu coração! Quem acompanha o Nos Passos da Dança no Facebook, Instagram e viu o último post aqui do blog, percebeu que estamos super envolvidos com o Manchester Tango, um evento de tango em Juiz de Fora. Eu já achava o tango lindíssimo, mas agora estou com os pezinhos coçando pra arriscar aprender e cada vez mais admirada. Por isso, resolvi entender mais sobre o tango e trazer aqui pra vocês.

tango em Juiz de Fora
Professor Júlio Cezar Franco e sua parceira, a professora, Fernanda Neves, dançando tango.

E ninguém melhor para me ajudar nesse aprendizado do que o professor Júlio Cezar Franco, organizador do Manchester Tango, professor de dança de salão na escola Balliamo Espaço de Dança e um dos professores especialistas em tango em Juiz de Fora. Tivemos um bate-papo muito bacana e ele me contou como começou a se envolver com o tango. Assim como muitos dançarinos de dança de salão, o tango já era uma dança que despertava nele grande fascínio. Mas foi na decisão de abrir a Balliamo, há 23 anos atrás, que ele percebeu que o tango poderia ser um diferencial da sua escola de dança de salão, visto que na época o tango era muito pouco trabalhado na cidade.

Júlio foi buscar mais aprendizado sobre tango no Rio de Janeiro e lá conheceu um casal de professores argentinos, a Alejandra González e o Marcelo Roldan, que o ajudou na promoção do tango em Juiz de Fora, ministrando, durante 6 meses, um curso de tango na cidade. Isso, somado ao aprimoramento do Júlio no tango, colocava a Balliamo no caminho de se tornar a referência que é atualmente em tango em Juiz de Fora. 

Mas o professor continua aprendendo e busca estar sempre atualizado, faz cursos em Buenos Aires e estuda cada vez mais a fundo o tango, como dança, como música e como cultura argentina. “Minha relação com o tango não é de passos, passos você aprende na internet. Minha relação é de profundidade. Eu sempre quis entender a alma do tango. O porquê dos fundamentos do tango”, diz Júlio.

Um pouco da origem do tango


Vou começar com aquela frase clichê sobre a origem de uma dança...”A origem do tango causa discussão entre os estudiosos e não é muito bem definida” haha.  Mas segundo o professor Júlio, o tango  nasceu da combinação de culturas europeias, africanas e latino-americanas. Mas a mistura final, que realmente criou o tango como o conhecemos hoje, nasce em uma atmosfera totalmente portenha, na bacia do Plata, em zonas boêmias argentinas como o bairro de La boca.

A dança tango - Características principais e diferenças das outras danças de salão


Como eu “sou da” dança de salão, sempre que estou aprendendo sobre um estilo, a primeira coisa que procuro entender é qual a característica principal dele e sua diferença para as outras danças de salão. E foi essa uma das perguntas que fiz para  Júlio, que me explicou que em termos de movimentos, assim como qualquer outro estilo de dança, o tango tem sim os mais característicos, como a caminhada, movimentos de pernas e pés, a linguagem corporal e o tempo. Mas para ele, há outras duas características diferenciais do tango.

1. A cultura do tango é muito diferente


Por não ser um ritmo originário do Brasil, a maioria das pessoas não tem o costume de ouvir tango no rádio, na rua ou em eventos, assim como acontece com o samba, o forró e até mesmo o bolero, que são ritmos musicais mais comuns, que fazem com que nossos ouvidos sejam mais acostumados com eles. O que, com certeza, facilita na hora de dançá-los. Segundo Júlio, esse é um dos desafios do tango, que o faz tão diferente dos demais. Por isso, é preciso estudá-lo e entendê-los mais como música e como cultura argentina. Tanto que a dica do professor para quem quer começar a dançar tango é: comece a ouvir muito tango! (opa, já estou criando minha playlist haha).

2. O abraço do tango


Eu sempre digo que a dança de salão é caracterizada pelo abraço. Mas no tango o abraço é diferenciado, mais próximo, peito com peito, tronco todo colado (assim como acontece em alguns estilos de forró). A diferença é que no tango (especificamente no tango de pista), o abraço quase nunca se rompe e os quadris ficam separados, dando espaço para os movimentos de pernas. Júlio comenta que a postura do abraço no tango de pista se assemelha a um castelo de cartas, os dançarinos projetam o corpo um para cima um do outro, usando a gravidade e contrapeso, num encaixe que forma uma resistência. É dessa forma que o cavalheiro conduz a dama. Tudo começa no abraço, a condução do cavalheiro vem do tronco e a resposta da dama à condução é sentida também no tronco, utilizando o contrapeso para fazer a caminhada e os movimentos de perna.

Veja abaixo um vídeo que mostra de forma clara esse tipo de abraço no tango. Lembrando que esse tipo de abraço é o mais técnico e maduro, para quem já tem consciência e domínio do corpo e do estilo tango. Deve ser construído ao longo da dança.




Tango de pista e tango escenario: diferenças hermanas 


O professor Júlio Cezar também explica a diferença entre tango de pista e tango escenario. O primeiro é o tango real, que se dança nas milongas (bailes onde se dançam tango). Suas características principais são que, como é dançado em salões de baile, o abraço fechado do tango predomina praticamente durante toda a dança, quase nunca se rompe. E os movimentos são mais fechados e contidos, respeitando o espaço e os outros casais. É a dança do casal para o próprio casal.

Já o tango escenario é o tango de apresentação. No qual há o rompimento do abraço fechado, com movimentos totalmente abertos e alongados, onde se usa mais o espaço. É a dança do casal para os outros. O vídeo acima, apesar de ser uma apresentação, mostra claramente um tango de pista. Abaixo veja um vídeo de um tango estilo escenario.





Júlio ressalta muito a importância de se ensinar para os alunos nas aulas de tango sobre a diferença desses dois jeitos de se dançar tango, para que o aluno possa se adaptar ao ambiente que estiver e curtir a dança de acordo com a proposta da mesma. É isso o que ele ensina nas suas aulas de tango em Juiz de Fora.

Como dançar tango?


tango em Juiz de Fora
Professor Júlio Cezar Franco e sua parceira, a professora, Fernanda Neves, dançando tango.
Como estão intrinsecamente ligados, é preciso dançar sempre dando a devida importância para a música, senti-la e se envolver. Mas no tango, por ser tão diferente para nós, é preciso ir mais a fundo e estudar mesmo os compositores, para ver como expressar sua dança em diferentes músicas.

Esse estudo é tão profundo no tango, que atualmente existem seminários de tango específicos sobre certos compositores. Os professores estudam a fundo alguns compositores para tentar entender como se dançar cada um. No Manchester Tango, o professor Júlio dará o seminário “Como bailar estilo Osvaldo Pugliese e estilo Juan D´Arienzo – nível iniciado e avançado”.

Perguntinhas básicas sobre como dançar tango


Sabe aqueles perguntinhas báasicas que todo mundo faz sobre certo assunto...eu também fiz para professor.

O tango é difícil de aprender?


Não, a dificuldade é a mesma de qualquer dança (ritmo, movimentos, consciência corporal, domínio do corpo, condução etc). A diferença do tango, como citado acima, é mesmo a barreira cultural, por não estarmos acostumados com o ritmo musical, a dança intuitiva não acontece tanto como nos outros estilos de dança, o que dificulta no ritmo e no embalo. Mas nada como o treino do corpo e do ouvido não ajude.

É preciso saber outros ritmos para aprender tango?


Não! Assim como acontece em qualquer outro estilo de dança que se inicia, caso você já saiba outro ajuda sim, na consciência corporal, noções de comando, abraço, condução  etc. Mas você pode sim aprender a dançar começando pelo tango. Ele também vai te ajudar muito nas outras danças, caso faça o caminho inverso. Agora, mesmo quem já dança outros estilos, quando começa a dançar tango é diferente, descontrói, é outra linguagem.

Manchester Tango em Juiz de Fora

Manchester tango em Juiz de Fora evento de dança de salão

Tenho certeza que se você chegou até aqui neste post, os pezinhos já estão coçando para aprender ou aprimorar a dança tango haha. Então, aproveite para mergulhar nesse mundo e participe do Manchester Tango Juiz de Fora, nos dias 26, 27 e 28 de maio. Além de workshops e seminários de tango, de todos os níveis, do iniciante ao avançado, terá também performance musical de tango ao vivo, resgate histórico sobre o tango em Juiz de Fora, apresentações de tango e outras danças. 

Mais informações neste post aqui, na página do evento no Facebook ou diretamente com o professor Júlio Cezar Franco pelo telefone (32) 99194-7089.

E bora dançar, seja o estilo que for, a música que for! \o