Bolero: um caso de amor da dança de salão

Bolero Fest: romantismo, suavidade e paixão num só evento


Quem é apaixonado pela dança de salão normalmente suspira ao ver um casal dançando um lindo bolero. E foi cheios de suspiros e envolvidos num clima de muito romantismo que participamos do Bolero Fest, evento que ocorreu no dia 6 de novembro, no Círculo Militar, em Juiz de Fora. 

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O Bolero Fest foi organizado pelos professores Adriana Franco e Derly Jacob, da escola Arte em Movimento Danças de Salão. O evento contou com 10 horas de workshops e reuniu diversos professores de dança de salão de Juiz de Fora e de Petrópolis. Foi isso o que achei mais interessante: conseguir reunir em um só evento professores de escolas diferentes, o que é bem incomum na cidade (os eventos normalmente são feitos por cada escola e chamam só professores de fora, não há muito a participação das outras escolas). Essa diversidade de conhecimentos vindos dos melhores profissionais em um só evento foi espetacular. Por mais eventos assim!

Já postamos várias fotos e vídeos do evento lá no Facebook do Nos Passos da Dança e também no nosso canal no Youtube.

O Bolero Fest também teve um baile especial, no qual os professores do workshop se reuniram para uma grande ronda de bolero. Foi lindo demais ver todos aqueles profissionais competentes e dançarinos maravilhosos juntos. Foi uma apresentação emocionante, vejam:


POR QUE O BOLERO É UMA DAS PRIMEIRAS DANÇAS QUE SE APRENDE NA DANÇA DE SALÃO?


O que mais ouvimos nas nossas entrevistas é que o bolero é uma dança muito boa para os iniciantes. De acordo os professores do evento, além de ser uma das danças mais antigas e tradicionais da dança de salão, o bolero pode ser utilizado como ferramenta de aprendizado para os iniciantes, pois ajuda muito na assimilação de conceitos básicos e primordiais da dança de salão como: postura, equilíbrio, condução, ritmo e relação inter casal. Os alunos que aprendem o bolero conseguem captar melhor a essência da dança de salão.

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A professora Natália Paletta, da escola Balladines, comenta que pelo bolero ser uma dança mais lenta, você tem mais tempo pra pensar na execução dos passos e com isso disciplina seu corpo para as outras danças. Pra depois pensar mais rápido quando for dançar ritmos mais ágeis.  O professor Júlio Franco, da escola Balliamo, acrescenta ainda que o bolero ajuda muito na questão postural, pois é uma dança que pede uma postura mais ereta e firme, o que ajuda também nas outras danças.

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MOVIMENTOS E CONCEITO BÁSICOS (E SUAS EVOLUÇÕES) DO BOLERO


Por ter alunos já envolvidos com a dança de salão e que já tinham contato com o bolero, os workshops foram bem voltados para o aprimoramento da dança, sempre passando conceitos e técnicas com o intuito de dar algo a mais do que os alunos aprendem nas aulas do dia a dia.


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POSTURA E ABRAÇO


O professor Júlio Franco falou sobre a importância da postura no bolero, que é mais elegante, ereta e firme, por ser uma dança mais clássica e tradicional. Porém, ressaltou a importância de se distinguir a postura formal – essa mais técnica, quando se está dançando com pessoas até então desconhecidas; da postura informal – mais relaxada, sem deixar de ser elegante, quando se está dançando com um par mais conhecido. “No caso do bolero você tenta passar a mensagem de uma alma suave e romântica, a postura tem que ser condizente”, comenta o professor.

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CONDUÇÃO 


Os professores Jailton Justino, da escola Scenarium e Pedrinho Alves, da Academia de Dança Pedrinho Alves, abordaram o conceito da condução de uma forma muito diferente e bonita. Para eles, a condução começa quando o cavalheiro avista a dama no salão, estende a mão, a convida pra dançar, abraça, se posiciona para começar a dança. Para eles, tudo começa ali. “Isso pra mim é condução: corpo com corpo, pele e energia. Toda preparação antes da dança em si, já é a condução”, comenta Jailton.

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TROCADILHO, LEQUE E SUAS VARIAÇÕES


O professor Júlio Franco, trabalhou também com o trocadilho, passo clássico do bolero. Mas passou questões técnicas, como o movimento do quadril, que ajudam a deixar o passo com mais desenvoltura. Os professores Elis Pires e Anísio Basílio, da escola Espaço Arte Cultural Pires Basílio, trabalharam o leque e suas variações, com movimentos de efeitos diferentes no leque tradicional.

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TEMPO, CONTRATEMPO E TEMPO LISO


Os professores Maximilliam Santos e Renata, da escola Balliamo, exploraram os conceitos de tempo, contratempo e tempo liso. A ideia é trabalhar um mesmo passo em tempos diferentes, usando a mesma música, porém fazendo com a sua dança fique mais criativa saindo da rotina de 123. “Não que iremos deixar de usar o 123, mas, com isso, o cavalheiro e a dama passam a ter mais possibilidades e recursos para poder usar em suas danças”, comenta Max.



CONCEITOS MAIS COMPLEXOS NO BOLERO 


Outros professores exploraram conceitos mais complexos na dança bolero, como a questão do sentimento na dança, que os professores Pablo Silva e Silvana Marques, da escola Estação Cultural, abordaram, destacando a importância de se dançar sentindo a música e tentando expressá-la, sem ficar preso aos movimentos e figuras convencionados. “Somos muito levados pelo desejo de dançar, de fazer figuras e gestos técnicos. Ás vezes, a pessoa até tem repertório, mas não sente a dança, não coloca sentimento, e aí fica uma dança sem expressão ou com a expressão vazia”, explica Pablo. 

O professor petropolitano Pedrinho Alves, explorou os conceitos de equilíbrio, tempo de música e expressão corporal, mostrando como os cavalheiros podem se dedicar a movimentos mais suaves e equilibrados e, com isso, enxergar saídas diferentes das tradicionais. 


Também de Petrópolis, o professor Leandro Marques, do A2 Studio de Arte e Dança, trouxe movimentos mais elaborados para o salão.  A ideia é mostrar movimentos para “as pessoas não ficarem no meio do salão sem conseguirem sair do lugar e se movimentar direito. Para que os casais comecem a circular o salão dançando, de forma simples, mais dinâmica.”, explica Leandro.

BOLERO ESTILIZADO


Mesmo a dança de salão tendo se popularizado mais nos últimos anos, ainda temos alguns estereótipos vigentes na cabeça de alguns, como o de que “bolero é coisa de gente velha”. Provavelmente por ser uma dança antiga, tradicional e realmente muito dançada por pessoas mais velhas (pois eram da época delas), ocorre essa ligação direta. Mas cada vez mais vemos jovens dançando o bolero também. 

Porém, diante desse estereótipo ainda corrente e da percepção por parte de grandes profissionais da dança de salão que o bolero estava se perdendo um pouco, surgiu-se há poucos anos uma proposta mais moderna e atual para o bolero, que se caracterizou como bolero estilizado ou bolero moderno. 

No Bolero Fest tivemos um workshop só de bolero estilizado com os professores Marcelo Santos e Mariana Eveling, da Academia Marcelo Santos. Marcelo explica que a proposta do bolero estilizado não é só conceitual, para agradar os jovens, mas para inovar mesmo a dança para todos os públicos. “O bolero estilizado é uma reformulação do bolero tradicional para o contemporâneo. Não é uma modificação radical, mantém as raízes, a movimentação básica, só se adapta à atualidade”, explica Marcelo.


O bolero estilizado tem inovação tanto na música, aproveitando e utilizando músicas mais contemporâneas (por isso a aceitação maior dos jovens), quanto na técnica, com conceitos de mais movimentação e dinâmica entre o casal e do casal no salão (no bolero tradicional acaba que a dama aparece e se movimenta mais).

E para finalizar essa matéria linda e cheia de amor, compilamos tudo que vivemos nesse dia romântico num vídeo sobre o evento. Espero que consigam sentir a energia boa que rolou no Bolero Fest, que babem com as danças lindas que tivemos, que os participantes morram de saudade e que todos fiquem com muita vontade de ir no próximo!